A principal delas é o retorno da auto-estima. Confesso que antes de operar, a minha tinha ido parar não sei onde. Nunca fui muito vaidosa mesmo, sempre andei de cara lavada, mas nos últimos 2 anos eu tinha me descuidado completamente. Minha vida ficou em suspenso.
Hoje posso dizer que a Cirurgia me ajudou a gostar de esmaltes, maquiagens, e graças a ela este bloguinho existe, e eu sou muito feliz em fazê-lo (mesmo com as postagens esparsas)
Sobre a cirurgia: Entrei na fila do SUS em 2008, e em Fevereiro de 2009 fui na primeira reunião, na Clínica Bariátrica.
Nesta reunião eu soube que eu esperaria pelo menos mais 2 anos e meio na fila do SUS, e neste meio tempo faria os exames necessários.
Em Novembro de 2010 cheguei no meu peso máximo: 116 kg.
Finalmente em Janeiro de 2011 comecei o tratamento pré-operatório definitivo, indo à clinica pelo menos uma vez ao mês para fazer acompanhamento nutricional, psicológico e fisioterapeutico.
Em Janeiro, quando comecei o acompanhamento, cheguei à clinica com 114 kg e ali eu soube que teria que eliminar, até a cirurgia (que até então eu não sabia exatamente quando seria) mais 6 kg.
Comecei o ano de 2011 retirando completamente o refrigerante da minha vida. Eu não poderia ingerir isso nos 6 meses de pós cirurgia, porque deixar para a última hora? Hoje eu sei que foi a melhor coisa que fiz, tenho certeza que isso me ajudou a eliminar os 6 kg que eu precisava perder antes de operar.
Minha cirurgia foi finalmente marcada para dia 27 de abril. No dia 24 completei 31 anos. Dia do meu aniversário, domingo de páscoa e eu pesando 110 kg, começando a dieta líquida pré-operatória.
Todos se esbaldando com ovos de chocolate, guloseimas, e eu tomando sopinha. Eu vi a minha família comendo normalmente no almoço de domingo e saí da mesa chorando, por pura vontade de comer.
Apesar disso, sou muito rigorosa com questões de saúde e cumpri a dieta líquida perfeitamente. Tinha pavor de ter uma complicação intra-operatória por não fazer a dieta direito.
No dia 27/04 eu me internei pesando 108 kg, e ainda morrendo de medo de ser mandada pro final da fila, por não ter conseguido emagrecer o que foi estipulado. Mas a dieta liquida dos 3 dias antes da cirurgia me ajudou: emagreci 2 kg.
Minha cirurgia correu perfeitamente. O método usado pelo Dr. Irineu Rasera Jr foi By Pass em Y de Roux. Não sei se foi com anel ou sem.
Mas Priscila, como assim, você não sabe? Não sei. Faço parte de um grupo de pesquisa, serei acompanhada pela clínica pelos próximos 5 anos e a pesquisa visa identificar se o fato do paciente saber se tem ou não anel interfere no emagrecimento. Todos do grupo estão na pesquisa, que ao finl de 5 anos vai mostrar os resultados obtidos com as duas técnicas.
Enfim, a cirurgia foi um sucesso, e só senti muita dor na primeira noite. No dia seguinte eu já fui caminhar, e depois disso não senti mais nada. Meu pós cirurgico foi tranquilo, e eu só lembrava que tinha feito cirurgia porque a fome, minha companheira de 31 anos, tinha misteriosamente me abandonado.
Fiquei 21 dias tomando apenas líquidos, não foi nenhum martírio. Afinal, como eu disse, a fome já tinha ido embora. Neste meio tempo não tive dumping, não tive vômitos, nem nada.
Na dieta pastosa, fui comer um pedaço de queijo branco pela primeira vez, e vomitei tudo em seguida. Hoje eu sei que é porque não mastiguei direito. A mastigação é algo que eu demorei muito a controlar, vomitei muito até aprender, mas depois que consegui, nunca mais tive vômitos.
Depois da dieta pastosa, que durou por mais 2 semanas, fui introduzindo aos poucos os alimentos sólidos.
Hoje não como arroz (tenho nojo até do cheiro), nem macarrão, nada frito e açucar apenas quando é inevitável (aos domingos almoço na casa da minha mãe e ela adoça a jarra de suco com açucar para todos, é somente quando ingiro açucar)
Aboli tempero pronto, massa de tomate, presunto, linguiça, salsicha, queijos amarelos, leite condensado e creme de leite e dou preferencia pro leite desnatado, Iogurte light e adoçante. Também não consigo comer pão, e nem nada que tenha trigo.Refrigerante aboli completamente da minha vida. Se consegui ficar sem tomar essa bomba de açucar por 10 meses, vou voltar a tomar isso pra quê?
Como carne vermelha, frango, peixe, ovos, caldo de feijão, batata, torrada e biscoito integral... evito presunto, queijos amarelos, sorvete de massa, chocolates.
Adoro salada, legumes no vapor, frutas, queijo branco... Faço natação 3 vezes por semana e musculação de segunda à sábado.
Tive dumping apenas uma vez, quando tomei um suco de morango com leite na rua. O suco veio com açucar e depois eu soube que era feito com leite de saquinho. Tenho ansia de vômito só de me lembrar.
Na próxima semana completo 6 meses de cirurgia, e estou muito feliz e satisfeita com o rumo que estou conseguindo dar à minha vida. A fome implacável, inimiga inseparável de toda uma vida até que voltou. Mas não da forma que era antes. Hoje ela dá or ar da graça para me mostrar que eu preciso me alimentar corretamente para me manter respirando.
Benefícios para a saúde:as manchas da acanthosis diminuíram visivelmente. A menstruação regulou-se sozinha, hoje menstruo mensalmente, sem ajuda de medicamentos. A urina solta que eu tinha mandou lembranças. As dores nas costas, joelhos e pés também. Voltei a ser 12x8.
Benefícios para a auto estima: Voltei a usar salto alto, voltei a usar calça 42, agora gosto de me maquiar, usar esmaltes, comprar roupas e coisas bonitas. Tenho prazer em cuidar do meu cabelo, da pele e do corpo.
Eu não tenho dúvidas que tomei a melhor decisão. Não tenho dúvidas também que para sempre terei que vigiar minha alimentação, pois a cirurgia não faz milagres, ela apenas nos ajuda, por um tempo a não fazer coisas erradas. Mas se insistirmos no errado, até a cirurgia falha.
E aqui estou eu, prestes a completar 6 meses de uma batalha diária.
As pessoas me perguntam se eu me arrependo de ter feito a cirurgia, e eu sempre digo: não me arrependo, faria novamente, quantas vezes fossem necessárias.
As pessoas também me perguntam se eu indico a cirurgia e digo: indicação para cirurgia só quem pode dar é o médico e ninguém mais. Eu só posso contar o que aconteceu comigo, e todos sabem que cada caso é um caso. Somente o paciente, junto ao seu médico, pode decidir se quer passar por isso e se está disposto a pagar o preço.
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